Baruana
Calado dos Santos
Guilherme Cavicchioli Uchimura
A
experiência universitária do estudante é muitas vezes limitada ao ensino
tradicional das salas de aula, ou mesmo a projetos de pesquisa alheios à plural
realidade social da qual a universidade faz parte.
Na área do ensino do direito
em específico, o pensamento positivista dominante e a perspectiva dogmática do
fenômeno jurídico tornam o curso, na prática, um curso de formação técnica. Há
muito tempo se fala em uma crise do ensino jurídico, que apenas parece ter se
agravado cada vez mais. Hoje, os problemas remetem às perspectivas com que o
estudante entra na faculdade, muitos pensando apenas em obter o título da
graduação para ingressar em concursos públicos, e outros em passar no exame da
ordem, ambos preocupados somente no caminho para o sucesso pessoal.
Isso leva a
uma falha na formação do acadêmico, que vê a universidade apenas como um meio
de adquirir conhecimentos técnicos para suas futuras carreiras jurídicas e não
consegue perceber sua importância tanto no cumprimento da função social da
universidade quanto na construção do próprio conhecimento.
Nesse contexto, ao
aproximar a realidade acadêmica da comunitária, a extensão adquire uma
importância irrenunciável na área jurídica. O século XX guardou a reformulação do
papel da universidade no âmbito social. Apesar da grande influência da vertente
economicista e produtivista na universidade, houve um apelo à sua
responsabilidade social, fazendo emergir a extensão universitária como crítica
ao isolamento da universidade do restante da sociedade, na tentativa de
extrapolar o caráter elitista nela imperante.
O projeto Lutas é um sólido
exemplo da importância das atividades extensionistas na formação da consciência
crítica dos alunos, pois constituiu um espaço
para desenvolver uma perspectiva alternativa do fenômeno jurídico. Os
participantes deste projeto, desde a discussão teórica até a práxis
extensionista, procuram olhar para as possibilidades do direito para além da
manutenção do status quo e do papel
restrito do advogado como reprodutor do sistema jurídico vigente.
O grupo busca
a experiência concreta de métodos alternativos de solução de conflito e da rotina
de serviços legais populares, demarcando desde o início seu compromisso com a
intervenção na realidade. Com a dialética da participação, comunidade e
universidade aprendem e constroem em conjunto.
Neste ano de 2013, como
principais ações do grupo, citam-se o I Congresso Direito Vivo ocorrido em
abril e a criação e aplicação do Curso de Formação de Associação de Moradores.
São atividades que englobam tanto discussões teóricas quanto ações práticas, o
que leva o grupo a seus primeiros passos de uma práxis extensionista crítica,
visando seu fortalecimento para, no futuro próximo, consolidar-se como uma
referência concreta de Assessoria Jurídica Popular na Universidade Estadual de
Londrina.
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